Dança dos números
Dança dos números Nos últimos anos comecei uma experiência que acreditava ser totalmente distante do dia a dia das agências, campanhas e análises de resultados. Comecei a dançar Lindy Hop, dança social americana baseada no jazz dos anos 20, 30 e 40. Era o ritmo da moda dessas décadas. O nome, dizem ter surgido devido… Continuar lendo Dança dos números
Dança dos números
Nos últimos anos comecei uma experiência que acreditava ser totalmente distante do dia a dia das agências, campanhas e análises de resultados. Comecei a dançar Lindy Hop, dança social americana baseada no jazz dos anos 20, 30 e 40. Era o ritmo da moda dessas décadas. O nome, dizem ter surgido devido a um evento histórico: o aviador Charles Lindbergh cruzou pela primeira vez o Oceano Atlântico em um voo solo em 1927 e o jornal New York Times publicou uma matéria com o título “Lindy hops the Atlantic” (algo como Lindy pula o Atlântico).
Para ser um bom dançarino de Lindy Hop, é necessário ter um pouco de conhecimento de estrutura musical para acompanhar o pacing de cada canção. Aprender os passos, dos mais simples aos mais complicados, e a dinâmica para ter a melhor performance durante a dança. Existem as coreográficas de rotinas clássicas, reconhecidas em qualquer lugar do mundo, contudo, mesmo dentro delas é possível personalizar sua entrega.
À medida que se começa a ter expertise na dança, novas metas e novos desafios são colocados: aprender a otimizar cada passo, saber antecipar aos desvios de rotas, entender e dar espaço para a individualidade de cada parceira (ou follower) e aguçar a criatividade. Já os mais experientes fazem apresentações em festivais no Brasil e pelo mundo, adaptando-as para cada público-alvo.
Pacing, performance, expertise, meta, público-alvo… É um texto sobre dança ou sobre marketing? É um texto de como podemos tirar inspiração e aprendizados de um movimento criado há 90 anos para melhorar nossa experiência profissional nos dias atuais. São cinco pontos de inspiração:
– Primeiro: metas, pacing e performance. A música é dividida em frases e o objetivo da dança é chegar em um ponto exato da música, nem adiantado, nem atrasado. Dividir a meta global em metas menores facilita o acompanhamento e ajustes finos na performance, respondendo às dinâmicas de mercado. Com isso, é possível desenhar qual é o pacing a ser usado em cada momento da campanha, ora mais rápido, ora mais devagar.
– Segundo: público-alvo e personalização. Na dança você avalia cada movimento e a postura da sua parceira. Quanto mais se dança, melhor conhece as suas virtudes. Isso também ocorre diretamente no uso de dados. Ao ter acesso a um grande número de informações sobre o seu target, por meio de dados comportamentais, demográficos, histórico com sua marca, mais efetiva vai ser sua abordagem. Com maior conhecimento, é possível gerar insights estratégicos sobre o consumidor, sobre o que ele deseja e como seu produto é avaliado.
– Terceiro: expertise e antecipação de desvios de rota. A experiência conta. Os dançarinos mais experientes são melhores porque participaram de diferentes festivais, treinaram muito e executaram seguidamente os passos e a vivência da dança. Na publicidade, o paralelo é muito parecido. Somente uma equipe com vivências diferentes e com experiência na execução pode contribuir com um produto qualificado e antecipar possíveis problemas, resultando em maior efetividade. Está começando? Escute e aprenda com as demais pessoas do mercado.
– Quarto: otimização. Na dança social há duas pessoas interagindo. Nem sempre o que o leader (quem lidera a dança) pensou em executar é entendido pela follower. Não acontece nas nossas campanhas? Pensamos em um target, meio, linha criativa e as mensagens não são assimiladas da forma que gostaríamos. O importante é estar preparado, pois desvios ocorrem e saber se adaptar a essas situações, rodando o plano B vai ser a saída.
– Quinto: criatividade. Se todos os dançarinos seguissem a mesma rotina, todos seriam iguais e a dança seria sem graça. Da mesma forma com as campanhas. É a criatividade para conversar de um modo novo e chamar a atenção da audiência que, no final do dia, vai destacar o produto no meio de outros concorrentes. Como um dançarino que cria um novo passo.
Passaram-se décadas e ainda podemos buscar muita inspiração no passado. Buscar referências em fontes não tradicionais do nosso meio é uma sugestão para enriquecer conhecimento e encontrar novas formas de executar e de compreensão.
Vamos para a pista de dança? Em 5, 6, 7 e 8…
Fonte: digitalks